Dias depois de ter sido agredida, Francilma Mendes é exonerada e situação mostra que existe algo de errado na gestão de Zé Aldemir

Algo está acontecendo com a gestão do prefeito José Aldemir, é inadmissível que a exoneração de Francilma Mendes, até então coordenadora do Centro de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM passa despercebida, como se fosse uma demissão justa por incompetência.

O cargo de confiança, era ocupado por uma mulher que reconhecidamente enquanto esteve à frente do CRAM realizou um bom trabalho mesmo com o mínimo. As limitações do CRAM não são verdades apenas nessa gestão, nas anteriores esse importante instrumento de enfrentamento à violência sempre tocou o barco nos limites impostos pela falta de investimento.

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Fiquei chocado, quando há alguns dias, vi que Francilma foi execrada em uma rede social, por um homem que também é ocupante de cargo de confiança na gestão do prefeito José Aldemir.

Francilma e ele foram colocadas na guilhotina, mas a cabeça que rolou foi a dela.

O governo que perdeu Laurecy Penaforte, agora perde Francilma Mendes, duas mulheres que dedicam suas vidas pelas vidas de outras mulheres.

Francilma após ser demitida, sem prévia conversa com o gestor divulgou uma nota. Quem lê, vê o nível da atual administração.

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Durante os últimos dois anos e três meses em que estive na coordenação do Centro de Referência de Atendimento à Mulher – CRAM, mais de trezentas mulheres foram atendidas neste serviço. Mulheres vítimas das mais diversas formas de violência, cada uma com sua complexidade, todas acolhidas e encaminhadas à Rede de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. O Cram faz um trabalho de acompanhamento a vítima, prestando orientação jurídica, assistência social e psicológica durante todo o processo em andamento. Após a denúncia, a vítima precisa ser acolhida e encaminhada aos diversos serviços da rede para que sejam atendidas as suas necessidades. Vencer a violência não é fácil, principalmente se não tiver assistência necessária, um serviço de proteção que realmente funcione como deveria. Existe uma uniformização na política nacional de enfrentamento a violência contra as mulheres que diz que o CRAM deve funcionar com uma coordenação, com duas equipes técnicas, dois agentes administrativos, duas atendentes, dois vigilantes e um motorista. Durante esse tempo, trabalhamos com muitas dificuldades, não tínhamos motorista, carro exclusivo, agente administrativo e nem um profissional de segurança para fazer proteção as vítimas e a equipe, vale ressaltar ainda que no momento encontra-se sem assistente social. Mesmo com dificuldades, realizamos um trabalho com eficiência, tanto é que levamos o CRAM de Cajazeiras a ser referência em todo estado da Paraíba. O centro passou a ser visto como um órgão que realmente faz enfrentamento a violência contra a mulher, procurado por instituições de ensino, a exemplo da Universidade Federal de Campina Grande que enviou alunos à realizar projetos de extensão em parceria conosco, além de outras instituições em busca de estágios. O trabalho do CRAM ganhou a confiança da Rede de Atendimento, vários casos foram e são encaminhados pelos distintos setores a este centro. Minha relação com os organismos que compõem a referida rede sempre foi muito boa, mantive durante este período uma relação de respeito e confiança com todos os membros de conselhos e outras representações. Atuei com muita responsabilidade junto ao Conselho Municipal de Direitos das Mulheres, discutindo e encaminhando as demandas com as demais companheiras. 
Muito difícil não ter algum desentendimento dentro de uma gestão pública ou de uma equipe de trabalho, isso é natural do ser humano, principalmente quando se tem responsabilidade e zelo pelo bem público e tem que conviver com pessoas que não partilham desses entendimentos, pessoas desatentas com os direitos dos usuários, como por exemplo, ter na gestão uma coordenadora que se tranca em uma sala para assistir tutorial de maquiagem ao invés de atender as pessoas de forma humanizada, um vigilante que vigia a vida dos outros, mas não vigia o seu trabalho, uma chefe que pratica assédio moral com postura autoritária. Acredito eu que estas pessoas sim estão em desacordo com a função que ocupam, mas, embora eu não concorde com esse tipo de comportamento, essas são questões individuais de cada pessoa. Não me associo a pessoas assim, como também não me alinho a pessoas que tem comportamento machista, misógino, homofóbico e racista, mesmo tendo que conviver durante um longo período da minha vida simplesmente pelo compromisso com a política pública para as mulheres.
Todos e todas são sabedores(as) que nos últimos dias fui vítima de violência praticada por um cidadão chamado Joel Santana em rede social. Eu estava em um grupo de WhatsApp dialogando de forma respeitosa com membros do grupo quando fui agredida de forma covarde por Joel, proferindo palavras grosseiras e ofensivas a minha dignidade. Como se não bastasse, em seguida surge um perfil fake em defesa de Joel escrevendo um texto falando mentiras absurdas da minha vida pessoal dizendo, inclusive, que abandonei um marido doente quando sou separada há quase 10 anos.
Diante desse contexto, no dia 02 de abril de 2019, cheguei ao Centro de Referência para iniciar os trabalhos e encontrei a porta da coordenação fechada. Fui informada por uma funcionária que a secretária estava com a chave, liguei para o prefeito que pediu para ir falar com Thiago sobre minha exoneração, alegando que meu comportamento não condizia com alguém que ocupava um cargo de confiança, até o momento estou tentando entender, pois já havia deixado a disposição do prefeito José Aldemir o cargo de coordenadora do CRAM e o mesmo ainda não tinha encontrado razão para meu afastamento e logo após ser violentada por Joel Santana , o meu trabalho não era mais de confiança do prefeito.
Quero deixar claro que nunca tive uma relação pessoal com Joel Santana, apesar de trabalhar na mesma gestão, não compartilhamos do mesmo pensamento. Sou uma pessoa que há muitos anos atuo no combate a violência contra a mulher e a pessoa humana, sou de esquerda e sempre combati as injustiças contra as minorias, sempre levantei bandeiras em defesa das mulheres, dos negros, gays, lésbicas, pobres e tantas outras denominações perseguidas e discriminadas nessa sociedade. Sei que muitas mentiras ainda vão surgir com tentativas de manchar a minha honra e comprometer minha imagem, mas vou combater todas as inverdades e responsabilizar na justiça todos os envolvidos. Quero agradecer mais uma vez a minha família pelo apoio e aos companheiros e companheiras de caminhada pela solidariedade a mim dedicada. Minha gratidão. A minha luta não termina aqui. Seguirei firme e forte combatendo a violência, o machismo e todos os tipos de discriminação e preconceito. Serei o que sempre fui, acreditando e defendendo as minhas bandeiras. Lutar é preciso!
Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor mundo – Olga Benário do

Cajazeiras- Paraíba, 05 de abril de 2019

Francisca Francilma Mendes Pereira

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