Quando se fala em Hospital Universitário Júlio Bandeira, para alguns [antigo hospital infantil de Cajazeiras], é falar em assunto delicado. Neste ano de 2022, a instituição vinculada à Ebserh (Empresa Brasileiro de Serviços Hospitalares), anunciou de que adotaria um novo fluxograma de atendimento e seria porta-fechada e não mais porta aberta, para casos que deveriam ser atendidos na Atenção Básica. Compreensível.
Profissionais que passaram no concurso abandonaram o cargo por conta da sobrecarga e de todas as compreensíveis dificuldades vivenciadas no interior paraibano. A partir das novas exigências, muitas perguntas sem resposta. Uma instituição histórica, reconhecida e necessária, diminuída em nome de um pseudo avanço irremediável, bradei minha posição, talvez tenha sido incompreendido. Usei minha voz e à época da mudança deixei claro minha posição contrária. Explico.
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Cajazeiras, cidade-sede do HUJB não dispõe de atendimento pediátrico na rede de Atenção Básica, com um serviço 24h, todos os dias da semana, a partir dessa deficiência vergonhosa, muitos pais e mães de família tiveram atendimento negado no HUJB, e diante de tantos depoimentos, ouvimos reiteradas vezes que só tomariam alguma medida, infelizmente, quando alguma criança morresse. Infelizmente, a tragédia anunciada aconteceu. A garotinha Ananda Vitória de 3 anos, natural de Triunfo, faleceu neste sábado (24) no HUJB. A mãe denuncia falta de atendimento e para que a filha fosse atendida, a família precisou registrar Boletim de Ocorrência (BO) na Central de Polícia. Para ter acesso a um direito [sagrado], previsto na Constituição Federal de 88, ser necessário acionar a Polícia Judiciária? Triste realidade.
A morte dessa criança não pode ser ignorada. Por tudo que há de sagrado: autoridades, políticos, sociedade civil e a todos que possam ouvir, independentemente da legenda partidária, segmento político-ideológico. Reconhecemos que tantos homens e mulheres lutaram para que tivéssemos um Hospital Universitário, e é muito triste, muito mesmo, que agora, praticamente todos se calem diante de tantos absurdos. A omissão é terrível. Amedronta e gera morte. Promovam vida, lutem pela vida., sempre valerá à pena lutar pela vida, nunca valerá a pena silenciar diante da morte. Lutar por este hospital é querer a vida e dizer não à morte.
O velório e sepultamento da criança ocorreu justamente no dia em que ela deveria celebrar a vida, completaria 3 aninhos, infelizmente Ananda deixou o mundo precocemente, e segundo a mãe, sem um atendimento digno, humanizado. A morte dessa criança no dia do aniversário deve causar em cada um de nós, um choro silencioso e mexer com nossas entranhas. Talvez com isso, sejamos capazes de elevar [ainda mais] nossa voz contra tamanha insensibilidade.
O QUE DIZ O HUJB SOBRE O CASO?
Em nota de esclarecimento divulgada neste domingo, o HUJB diz que não recusou atendimento à criança e que, por se tratar de caso clínico de urgência, Ananda foi transferida pelo SAMU e recebida no hospital, mas seu estado de saúde era tão grave que, mesmo após as manobras protocolares possíveis da equipe médica, ela não resistiu e morreu. Ana Paula contesta essa versão e pede justiça no caso.
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