Hoje pela manhã visitei a Rádio Alto Piranhas e ao entrar na parte técnica, um filme passou na minha cabeça de tantos momentos que vivi antes e durante a minha passagem na Rádio do Povo.
Quando eu nem sonhava trabalhar em rádio, ainda era um bebezão(7 ou 8 anos), fui ver o meu pai, Alberto Dias, nas carrapetas da RAP. Do outro lado do vidro, os apresentadores do Rádio Vivo, cujo gritos e tapas na mesa, ouvia-se da calçada de Seu Ivan das Redes. Fabiano Gomes e Nilvan Ferreira eram comandantes da audiência. Durante alguns minutos fiquei em êxtase vendo a forma que os dois interagiam com os ouvintes. Ora calmos, ora raivosos. Dilemas da profissão.
O produtor do programa que acompanhava tudo dos bastidores, ficava no controle(parte técnica), quando o telefone tocava, ele atendia, perguntava o nome, notava em um quadro branco, levantava o quadro para que os apresentadores fossem diferentes das demais emissoras e atendessem o ouvinte, não com ‘Alô boa tarde‘ e sim ‘Alô fulano de tal da cidade tal fique a vontade‘. Esse detalhe fazia toda a diferença.
Lembre-se que pouco mais de uma década atrás não havia tanta facilidade, como hoje.
Não me sinto velho. É a nostalgia.
Nilvan e Fabiano, Fabiano e Nilvan fizeram história.
Fabiano, nasceu e cresceu praticamente na rua que minha avó mora. Quando eu estava com ela na cozinha e como de costume sempre ouvíamos o prefixo AM 650, e no horário certo, nos ponteiros entrava no ar o programa de Fabiano ela me dizia: ‘meu filho, esse que tá falando agora, eu via ele correndo na rua só de cueca aqui na Profeta João Alves. Lutou, lutou e conquistou, ele vai crescer ainda mais‘, dizia minha avó, parecia profetizar.
Quando eu iniciei na Rádio Alto Piranhas, anos depois, a dobradinha já havia chegado ao fim. Conrado e Aristênio assumiram o bonde, posteriormente, outros companheiros competentes assumiram a tribuna e alavancaram a audiência da Rádio Alto Piranhas. Eu tive o privilégio de falar nesses microfones, agora, dedico-me a TV Diário do Sertão, e sigo feliz.
O cajazeirense Fabiano Gomes nessa vida já foi do céu ao inferno. Saiu de sua terra boa e foi para João Pessoa-PB, chegou ao topo da pirâmide. De fato, muitos tentaram lhe derrubar, mas o gordinho foi/é forte.
Recentemente esteve nas páginas policiais, foi preso, expôs um grande esquema de corrupção. Depois de ser humilhado, todos achavam que ele se entregaria. Outra pessoa talvez se entregasse.
Ele foi além, deu a volta por cima.
Hoje comanda ao lado de figuras competentes do jornalismo paraibano um programa na internet com um formato inovador e pioneiro na Paraíba.
Fabiano tem pressa e em Meia Hora conseguiu levantar a cabeça e sacudir a poeira.
Não foi, nem é, nem será santo. Mas também não é demônio. Quem do céu ao inferno acabe gerando resistência aos dois ambientes. Falo aqui do comunicador, na minha opinião, um grande expoente da comunicação de Cajazeiras e da Paraíba.
JOSÉ DIAS NETO