O bispo de Cajazeiras ”entre Franciscos” é peregrino de esperança na imitação do Cristo

É natural que com a aproximação da posse do 9º bispo da Diocese de Cajazeiras, procuremos entender e compreender qual o perfil do novo pastor e quais suas características. Eu mesmo busquei muito sobre o novo bispo – tive até oportunidade de entrevistá-lo ao vivo no dia da sua nomeação pelo Papa Francisco -, mas desde aquela entrevista me surpreende sua naturalidade, simplicidade e virtudes explicitas em seus atos publicados na internet e/ou em seu silêncio. Me parece que o novo bispo também ”fala” no silêncio, seus atos expressam o que palavras não conseguem abarcar.

A começar pelo nome Francisco Gabriel. Desde a nomeação, o novo bispo manifestou o desejo de ser chamado de Francisco – apenas Dom Francisco – inspirado por dois ”Franciscos” que marcam a história universal: um franciscano e o outro jesuíta. Assim como para um Papa, devemos compreender que a escolha do nome diz muito sobre seu compromisso e a mensagem direta que desejar dar a Igreja, ao mundo e aos fiéis: Francisco de Cajazeiras trilhará os passos do Francisco, que de tanto amor por Cristo decidiu amar o próximo até as últimas consequências sem reter nada pra si movido por amor. O testemunho do Francisco de Assis inspirou um jesuíta chamado Bergoglio, mais de 800 anos depois, que se tornou Papa e deu ao mundo o testemunho da vivência da radicalidade do evangelho nos dias de hoje. Os dois sempre revelaram a face amorosa de Deus pela humanidade e é impossível não se emocionar ao recordar os gestos concretos de amor ao próximo de ambos. É essa a trilha que Dom Francisco tomará quando for empossado como bispo de Cajazeiras no próximo dia 5 de julho. Preciso também confessar que muito me comoveu ver que o novo bispo, antes de tomar posse, está em Roma num encontro de sua congregação [Redentoristas] e visitou o simplicíssimo túmulo onde repousa o corpo do Papa Francisco [o mesmo que o nomeou como bispo de Cajazeiras]. Que mensagem impactante na discrição de Dom Francisco.

Em seguida, o bispo foi até Assis. E muito mais do que visitar, peregrinou nos passos do Pobrezinho de Assis com intensidade de quem deseja ”ser instrumento da paz e levar amor onde estiver”. Mesmo em meio ao silêncio de expectativa, os gestos concretos de Dom Francisco falam mais do que qualquer palavra. A discrição revela muito mais do que seu perfil, fala de sua essência.

Que este encontro internacional com os bispos redentoristas do mundo, na presença do Papa Leão XIV confirme em seu coração todas as inspirações manifestadas nesse período jubilar. Que a benção do Santo Padre infunda no seu coração um desejo ardente de uma ”Igreja em Saída”. Como afirmou o Santo Padre na homilia do Domingo do Bom Patos: ”Neste sentido, alguém perguntou: “Quando pensas na tua vida, como explicas onde chegaste?”. A resposta que dão nesta reflexão é, de certa forma, também a minha: com o verbo “escutar”. Como é importante escutar! Jesus diz: «As minhas ovelhas ouvem a minha voz» (Jo 10, 27). E penso que é importante que todos nós aprendamos a escutar cada vez mais, a entrar em diálogo. Em primeiro lugar, com o Senhor: escutar sempre a Palavra de Deus. Além disso, escutar também os outros: saber construir pontes, saber escutar para não julgar, não fechar as portas, pensando que possuímos toda a verdade e que mais ninguém nos pode dizer nada. É muito importante ouvir a voz do Senhor, escutar-nos a nós próprios, neste diálogo, e ver para onde o Senhor nos chama.
Caminhemos juntos na Igreja, peçamos ao Senhor que nos conceda esta graça: poder escutar a sua Palavra para servir todo o seu povo!”

JOSÉ DIAS NETO